Poema de Tarso Correa de 26/03/2014
O Silêncio de um grito
O pequeno menino, rotulado, marginalizado,
Com os pés descalços, espalmados na realidade cruel do asfalto,
Enfrentando rostos de cera com a dureza do cobalto,
Corre pelas veias pulsantes da cidade,
Desafiando a tirania social e a ácida verdade.
No sinal vermelho, em cada esquina, no desespero dos minutos,
Dentro de bolhas de vidro e metal,
Homens enclausurados, algemados aos seus relógios,
Levam a sua rotina letal.
A incômoda e agressiva presença do pequeno gigante,
A mostrar a nossa degradação, exposta no dorso nu do pivete,
Corta a nossa dignidade a golpes de canivete,
O pequeno, com o vazio do estômago, torna-se um guerreiro beligerante,
A nos empurrar gotas de sonho solidificadas em bala,
Que nos abala, entala e cala,
E, numa fração de segundos, naquele rosto magrelo, estampa-se um sorriso cheio de dentes,
Que nos leva de volta a nossa vida contundente.
Blog sobre poesias. Poesias que gritam as mazelas humanas e seus encantos; suas perdas e microcefalias sociais, em que somos atores das nossas frustrações, buscando a receita da felicidade.
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quarta-feira, 26 de março de 2014
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